Fuga de Cacuaco

Os amigos leitores mais frequentes devem ter notado que já há algum tempo não dou notícias. Espero que entendam que não estive presente por motivos de força maior. Vou fazer um resumo dos fatos insólitos desta semana para que vocês possam, principalmente, se divertir. Me arrependo profundamente de não estar com a máquina fotográfica nestes dias comigo.

 Domingo, dia 21 de janeiro deste 2007, estive o dia inteiro trabalhando em Luanda, na casa de um colega, em uma apresentação que deveríamos fazer para um cliente de alta patente, que além de abrir gigantescas portas, poderia gerar gigantescos contratos. A apresentação estava programada para segunda-feira às 17:00, e por volta da meia-noite de domingo eu estava com ela quase completada. Como era tarde, e eu precisava voltar para o Rèsidence em Cacuaco, cerca de 20Km de onde eu estava em Luanda, ponderamos que finalizaríamos a apresentação no dia seguinte, afinal o que faltava era detalhe estético. Cheguei ao meu quarto em Cacuaco era passada meia-noite e uma fina garoa caía sobre nós.

Segunda-feira, seis horas da manhã, toca o despertador. Me espreguicei na cama, apertei o soneca do despertador e ronquei mais 15 minutos, sob o murmúrio de uma chuva intensa. Como sempre acontece pela manhã, veio aquela vontade de ir ao banheiro aliviar a bexiga, me girei na cama, e fui procurar, com o pé, no escuro, as sandálias havaianas. Água. O chão estava coberto de água fria! Ponho o outro pé no chão, levanto, corro para o interruptor, acendo a luz e vejo quarto e banheiro alagados, havainas e garrafas de água mineral vazias boiando, assustador! Quando me preparo para ir reclamar na recepção, uma pequena enxurrada de água e terra entra assim que abro a porta. O rèsidence, a excessão de 3 dos 8 quartos, estava alagado e cheio de lama. Cozinha, recepção, banheiros, tudo alagado. A água surgia da rua, da piscina que transbordava, da cisterna cheia, do esgoto. Se o leitor somar uma enchente do Rio Maracanã, uma ressaca no Leblon, e um desabamento no Alto, chega perto do que aconteceu no Rèsidence.

Eram 6:30 da manhã, ninguém havia acordado do pessoal que trabalha ali, e eu era o único hóspede. Acordei o rapaz da recepção, que dormia no sofá e não tinha notado que lá também estava alagado, e ele, meio dormindo, ao ver a situação me olhou com desdém e disse: “- Está chovendo mesmo forte, ó pá!”. Voltou a se deitar, tranquilo, como nada de mais estivesse acontecendo! Não aguentei a cara de apu e lhe gritei nos ouvidos, mandei desligar a eletricidade antes que alguém morresse eletrocutado, e que me desse a chave de outro quarto, seco. Enquanto eu passava uma vassoura para tirar o excesso de água do corredor, para evitar que o outro quarto se alagasse, o carinha voltou a dormir, reclamando que sem luz não havia ar condiconado.

Às 8:00 eu estava com tudo no outro quarto, de abnho tomado, pronto para sair, pela primeira vez de terno e ainda chovia forte. Liguei para Luanda avisando que me atrasaria devido à chuva, entrei no Mitsubishi 4×4 Diesel, e comecei o caminho até a base onde meu motorista me espera todos os dias, cerca de 10 a 15 minutos do Rèsidence. Veio comigo um rapaz angolano que pediu uma carona, o mesmo fdp que dormia no sofá. Não recusei, pois se atolasse precisaria de braços, afinal de terno na lama é barra. Mas passei pela lama com certa facilidade, e, chegando ao asfalto, havia uma compreensível ausência de carros. A chuva estava forte, e a maioria dos carros não aguenta as poças e a lama da cidade, em geral esperam a chuva passar.

Vim tranquilo, passei a vila de Cacuaco, e ao chegar perto da ponte que liga Cacuaco a Luanda, um carro que cruza na direção contrária, com uma família dentro, faz sinal e avisa que a ponte está coberta de água, que está muito perigoso passar. De qualquer maneira continuei no meu caminho para ver se a ponte estava cheia d’água a ponto de não passar o Mitsubishi. No trajeto, pouquíssimos carros, mas muitas pessoas gritando e chorando, suponho porque a casa tinha sido levada pela chuva ou estava alagada, uma verdadeira multidão na pista. Acabei por desistir antes mesmo de chegar às salinas antes da ponte. Liguei novamente para Luanda, avisei a situação e me disseram que havia um outro caminho, por Mulenvos de Cima. Eu conhecia o caminho até certo ponto, mas de Mulemvos para Viana não me parece ser complicado, e lá fui eu.

A pista estava intransitável, o carro atolou duas vezes, o preguiçosos do sofá saiu e empurrou, minha vingança e acabei voltando para o Rèsidence.

Era algo como 11:00 quando um colega de Dondo (GN) apareceu no Rèsidence, vinha para Luanda entregar alguns documentos, mas com a ponte caída em Cacuaco, não tinha como chegar no escritório. Tomamos café da manhã (eu tinha saído antes em jejum), a chuva parou, e resolvemos ir a Catete, uma cidade que fica a 1h30 de Luanda, e de lá irmos para Viana (o mesmo município ligado a Mulemvos), de onde há uma outra estrada para Luanda, praticamente todo o trajeto asfaltado ano passado por uma empresa portuguesa. GN tinha passado por lá para chegar a Cacuaco. E lá vamos nós pôr o pé na estrada.

Apesar de asfaltada, a estrada tinha lá seus contratempos.Passamos por várias poças d’água que chegavam quase à maçaneta da porta, e em algumas parte o asfalto havia sido inundado por terra e lama, e só se passava com a tração ativada. Quando nos aproximávamos de Catete, uns 15 minutos antes, um grupo de pessoas se aglomerava no meio da estrada. Saímos do carro para ver o que acontecia, e onde havia a estrada, entre duas lagoas, só havia um buraco e asfalto cortado. Uma parte da pista tinha sido levada pela força das águas. Sorte de quem passou por ali, como o GN, poucas horas antes. Decidimos voltar a Cacuaco e tentar outra estrada de terra, onde há um projeto chamado Terra Verde, de cultivo agrícola, entre Cacuaco e Catete. Também interditada, com carros atolados por toda parte. Ajudamos um carro a sair do atoleiro, onde estava um grupo de caçadores. Eles pretendiam seguir viagem para Luanda a todo custo, e falaram de uma picada, antes da ponte caída de Catete, por onde poderíamos passar.

Depois de uma pequena assembléia decidimos tentar achar a “picada”, e já eramos quatro carros. O caçadores, em um Land Rover, mostravam o caminho, seguidos por GN no seu Mitsubishi, por mim, em um Mitsubishi igual, e por uma família em um jipe desses japoneses que não sei identificar. O Comboio seguiu para Catete, e pouco antes da ponte, havia realmente uma estradinha de terra pela qual seguimos. Acabamos por chegar em uma vila, com dois portugueses anciões morando em duas casas antigas, acabadas mesmo, com um empório onde vendiam biscoitos fabricados na Arábia Saudita, água fervida, e milho assado. E ponto. Paramos, comemos (eu apenas biscoito seco, que “água fervida” comigo não cola), assuntamos e nos informamos o caminho.

 Os velhinhos garantiram que com 4×4 se passava pela picada até a estrada de Viana, coletamos um grupo de locais que vivem em casebres no entorno das casas para ajudar e mostrar o caminho. Foi realmente uma aventura a lá Indiana Jones. Bem lentamente começamos a seguir a estrada, que cada vez mais nos levava floresta adentro. Passamos por um rio, por muitas poças e o Land Rover, para tentar desviar de um valão de lama, resolveu seguir pelo capim, fora da estrada. Nesta hora eu me dei conta de que os caras eram loucos, esta terra está cheia de minas, todo dia explode uma, principalmente nessas beiradas do fim do mundo…

Não explodiram mas acabaram enterrados no meio do mato, e o Mitsubishi de GN demorou uma hora para conseguir desatolá-los. Era já 17:00, e resolvemos dar meia volta para Cacuaco. Mas uma alma santa indicou outro caminho mais seco, paralelo ao anterior, sem valão, por onde decidiu-se passar. O “alma santa” é uma ironia, pois no meio da caminho, com a lama quase chegando na porta do carro, minha Mitsubishi atolou, e nem o carro da frente, nem o de trás conseguiram desatolá-lo. Imaginem a mim, de terno, atolado no meio do mato. E se você riu eu rogo praga, vai ficar ou brocha ou celulítica, que foi perrengue! Começou a escurecer, os mosquitos a aparecer, a mata a cantar seus mil barulhinhos de vida desconhecida. Tudo bem que em Angola não se vê um leão ou gato do mato há mais de 20 anos, mas cobra tem às pampas, eu comecei a me preocupar, ali parado não dava pra ficar. Chamei o povo e propuz que o grupo a minha frente seguisse para Viana, que eu pegaria carona com a família e tornaria a Cacuaco, e deixássemos meu carro ali. Depois de algum bate-boca, a coisa ficou assim. Por volta de 19:00, estava eu voltando para cacuaco, completando 13 horas nesta aventura.

A família angolana, muito gentil, me deu carona. O motorista, Seu Gilberto, dirigiu o carro de forma prudente, a 40Km/h, de quase Catete até Cacuaco. A família, muito católica, veio todo o percurso cantando hinos de louvor ao senhor e orando, pedindo proteção para a viagem de volta. Acabei por descobrir que era a mesma família que de manhã cedinho havia me avisado  que a ponte de Cacuaco tinha caído.Com a Sra. Dona Ilena, fiz amizade ao mostrar a imagem de Santo Antônio que levo sempre comigo, e fiquei bem sem graça em dizer que não, não era um presente, era só para que ela visse o santinho. E você, caro leitor, tire o sorrisinho da cara, fiquei sem graça mesmo. 

Às exatas 23:15 eu chegava ao Rèsidence, todo borrado de lama, fedorento, cansado e sem conseguir chegar a Luanda. E com um torcicolo de parecer estátua.

Na terça-feira, estava resignado em ficar mofando no Rèsidence. Sem carro, sem estradas, o melhor era ficar no ar-condicionado dormindo, afinal, se não tem solução, solucionado está.. Televisão não dava pois o receiver do satélite não funcionava para eu ficar vendo record europa ou globo internacional. Aos telefonemas do pessoal do trabalho sobre quando poderia chegar em Luanda, respondi gentilmente que só quando a ponte de Cacuaco estivesse refeita, ou que mandassem um barco ou helicóptero me buscar! Ora vejam só! Milagre eu não faço.

 Por volta de 11:30 peço que preparem o almoço; até 12:30 nada. Chega um português para almoçar, começo a bater papo, também desde segunda preso em Cacuaco, o almoço não fica pronto, e descubro que estavam, no dia seguinte, limpando a cozinha inundada para poder fazer nosso almoço. De improviso, acaba a luz. A gasolina do gerador tinha acabado. E sem acesso a lugar nenhum, todos os postos de gasolina da região já haviam esgotado suas reservas. PQP, meu gato pôs um ovo, gato não põe ovo, PQP de novo! Me senti no seriado Jericho.

 Em meio ao meu momento resignição, me liga o boss da empresa e me informa que está mandando um barco ir me buscar. Mas eu não tinha como ir à praia, visto que meu carro estava no mato. Mas a sorte estava ao meu lado, pois o português, em troca da passagem no mesmo barco, me ofereceu carona até a praia! Corri para arrumar uma mochila com meus principais pertences e algumas roupas, e chegamos à praia de Cacuaco às 15:30.

Aqui é preciso dar uma imagem do que é a praia de Cacuaco.. Lagoa Rodrigo de Freitas no período do peixe-morto é uma imagem boa. Mas é a praia que vocês podem ver no post anterior, de fotos que recebi por e-mail. Fomos pela areia, cheia de sujeira, entramos na água imunda até acima do umbigo, com os braços levantados levando as malas para o barco. E a 300 metros, na areia, os corpos estendidos dos mortos encontrados no mar e recuperados pelas autoridades, que foram levados pelas águas. Escrevo este relato na quinta-feira, e só em Cacuaco já se há mais de 54 mortes confirmadas devido à chuva.

 Depois de entrar no barco, em 20 minutos estava na Ilha de Luanda. Meu motorista foi me buscar no Club Náutico, fomos ao apartamento de um colega onde tomei banho, e às oito da noite, de banho tomado, eu estava já sentado em frente ao computador terminando a bosta da apresentação.

E para quem interessar possa, GN, os caçadores e o Land Rover, atolaram uns 15Km mais a frente no mato mais fundo ainda. Dormiram por lá. No dia seguinte mandaram um tratorzinho para tirar o carro deles de lá. Os carros saíram, mas o trator atolou. O meu Mitsubishi lá continua, amanhã vou tentar retirá-lo, estou esperando um período sem chuva.

Ainda não há acesso por estradas para Cacuaco. Amanhã talvez reabram a ponte e vou poder voltar ao meu Rèsidence, doce e sujo Rèsidence!

CHUVAS EM LUANDA !

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Internet em Angola – Que saudades da Cicarelli

Enquanto o Brasil internauta fica indignado com o bloqueio do Youtube devido ao processo aberto pela Cicarelli devido ao video na praia, que eu já ensinei, na época, como achar e baixar, em Angola a situação é bem diferente. que saudade dos dias em que podia correr atrás do vídeo da Cicarelli…
Há poucos provedores Internet por aqui, em Luanda só consegui encontrar 5. E estes  cinco provedores fornecem primariamente conexão discada. Aqui, devido aos problemas de infra-estrutura, é muito utilizada a tecnologia de rádio para linhas telefônicas. No Brasil, a mesma tecnologia é usada para internet predial. Só que o serviço aqui é de telefonia, voz mesmo. A solução que as pessoas usam é exatamente fazer conexão discada por cima destas linhas telefônicas via rádio. Imaginem a qualidade da ligação… Cái toda hora, dá erros incríveis e é lenta…. E a cereja neste bolo é que o telefone é pré-pago. Isso mesmo! Pré-pago, tem que comprar cartão e colocar créditos para ligar…

Começam agora a surgir, a preços vergonhasamente altos, conexões ADSL (tipo Velox) e Cable ADSL (Virtua), no centro da cidade, para clientes residenciais. Mas o serviço é aparentemente também péssimo, quem pagou está sofrendo com falta de conectividade e lentidão. Fora do centro estão também fazendo internet direta via rádio, mas quando chove, não funciona nem a pau (por que aqui a chuva quando vem, não cái, despeja!).

A opção mais interessante que vi foi a Internet via celular. A companhia CDMA daqui, Movicel, oferece um serviço de dados (pré-pago e salgadinho também) a uma velocidade de 156kbps. Quem testou gostou.

Por enquanto meu acesso é na empresa, servida de duas “ultra-rápidas” linhas telefônicas via rádio pré-pago para conectar à Internet,  demoro 30 hora para baixar meus e-mail e 5 minutos para abrir a página do globo.com; qualquer operaçõa no bank-line demora 1 hora se não cair a linha e tenho conseguido fazer verdadeiros milagres com o Skype! Pornografia só se for ASCII…
Que saudade do meu vírtua 4Mb…

Mais um aninho…

Sexta passada foi meu aniversário. É claro que não comemorei como gostaria, afinal estuo longe dos amigos e da família. Mas para não passar em branco, um colega de trabalho se ofereceu para preparar um jantar no seu apartamento para 5 pessoas. Fizemos a lista de compras e o menu ficou a cargo deste novo amigo, anfitrião e cozinheiro.
Aqui em Luanda, com os custos astronômicos de tudo, um jantar destes em um restaurante não sai por menos de $100 por pessoa. Este preço sem luxos, sem extravagãncias. Na casa deste amigo acabamos or alimentar 6 pessoas pela “bagatela” de $250.
A comida foi realmente o ponto alto da comemoração. De entrada comemos alguns canapés de atum. O primeiro prato foi “spaghetti ai frutti di mare”, um molho delicioso de tomates com polvo, lula, camarão, lagosta, mexilhão, etc… Só este prato já dava para satisfazer muita gente… Em seguida vieram tomates recheados com atum e uma salada de polvo de outro mundo. E como segundo prato um peixe conhecido por aqui como “manteiga”, feito no forno. A noite foi regada a vinho português e italiano, com água para mim, mesmo sob protestos do pessoal.
Não preciso dizer que sobrou comida para um batalhão. Não por que não estivesse gostosa, mas porque os italianos exageram sempre nas quantidades! Foi uma janta para ninguém botar defeito, e aprimeira refeição digna de ser assim chamada desde que cheguei em Angola. Me esbaldei.
Para terminar a noite, uma torta de yogurt, com 2 velas fazendo o número 32, e muito Proseco. Estava programada uma ida a uma discoteca na Ilha Luanda, mas depois da comilança e bebelança desistiram todos. Esses italianos sabem se alimentar!
Acabei dormindo no quarto de hóspedes do colega, pois dirigir até Cacuaco àquela hora não é lá muito recomendável, e meu fim de noite foi ficar assistindo Pulp Fiction dublado em italiano (o que é um espetáculo de tão trash!).
Foi afinal um aniversário diferente e atípico, mas valeu a pena. Só me arrependo de não ter levado a máquina fotográfica para registrar!

A barreira de Kambambe

No dia primeiro de janeiro, pela manhã, visitamos a Represa de Kambambe. Kambambe se encontra em um vale por onde passa o Rio Kwanza, um dos maiores, senão o maior, de Angola. Este vale foi escolhido para a instalação de uma hidroelétrica, que fornecia de energia principalmente Luanda. Durante a guerra a região foi muito disputada, pois quem tivesse controle da hidroelétrica teria em mãos um recurso estratégico de grande valia. A transmissão de energia foi cortada várias vezes, e somente depois do cessar fogo foi plenamente reestabelecida. Hoje, porém, a energia produzida não é suficiente, e em toda Angola geradores a diesel se transformaram em bens de consumo de primeira necessidade.
Independente da questçao geográfica e histórica, Kambambe foi o lugar mais bonito onde estive até hoje por aqui. Vos envio algumas fotos do Rio Kwansa visto de cima da represa. Há fotos também do hotel, ainda em precária operação, que foi construído durante as obras da represa, no ponto mais alto, com vista para o Kwansa.
Dentro da área da represa, extremamente protegida até hoje, é ainda hoje possível ver restos de tanques, ruínas, e outros resquícios de uma guerra que passou e deixou marcas profundas neste país.
No caminho de volta de Dondo, passando por Catete, há estas imagens incríveis de uma antiga casa colonial em pedaços, com os ladrilhos de Miguel Arcanjo danificado por tiros, além do trem abandonado sobre os trilhos há mais de 10 anos.

Viagem para Dondo

A viagem que fiz no Reveillon, para Dondo, me mostrou outra Angola. A Luanda cinza e empoeirada deu lugar a pequenos vilarejos pobres salpicados em meio a vegetação abundante e paisagens maravilhosas. Na época da guerra, viajar para Dondo era uma epopéia. Estradas em péssimo estado de conservação, com verdadeiras crateras, pontes destruídas por bombas que obrigavam o viajante a dar voltas por “picadas”, e o risco de assaltos e de minas faziam com que a viagem durasse no mínimo 10 horas.

Hoje, apesar de ainda ser uma estrada ruim, as crateras diminuiram, e aos poucos se está asfaltando e duplicando a pista. O tráfego de pessoas ainda é bastante controlado, em dados momentos há “fronteiras” em que todo viajante é obrigado a parar, se identificar, e dizer para onde vai.

Não tivemos problema algum na viajem, que durou algo como 5 horas e meia, com direito a várias paradas para xixi e fotos. Viajamos em dois carros, um colega italiano no carro da empresa, e eu fui de carona com um português em seu carro particular. O português, calejado de Angola desde o período colonial, contou um pouco de histórias do tempo das imensas plantações da algodão da época em que fora de Luanda havia imensas fazendas algodoeiras. O algodão, hoje praticamente inexistente em Angola, teve papel tão importante na economia local que, quando da independência, sa folhas de algodão foram colocadas na bandeira do país. Esta foto mostra, no caminho para o Dondo, o que restou das plantações de Algodão.

A foto a seguir, mostra uma lagoa ao fundo, grande que parece mar. Esta área é hoje muito pobre, mas antes da guerra era reduto de portugueses de férias, havia alguns restaurantes à beira da Lagoa, e até mesmo um pequeno hotel. Hoje se planeja reconstruir um pouco da região, que não dista muito de Luanda, acredito que seja o município de Catete.

A foto com a polícia é de um vilarejo a cerca de uma hora de Luanda, e as pessoas estavam reunidas em torno de um acidente com uma moto e um carro onde o motoqueiro morreu e o carro fugiu. É corriqueiro aqui que o autor do acidente fuja do local, muitas vezes indo se entregr diretamente na delegacia, deixando o acidentado por lá. O motivo principal é que quando há um atropelamento, as pessoas lincham o atropelador, e melhor ir preso que deixar a pele.

Depois de Catete, a estrada piora, e começa uma área com um pouco de floresta dos dois lados da via.

É estranho que praticamente não há barulho na floresta, à excessão de um ou outro pio de pássaros. Me explicou o português que durante a guerra os animais foram exterminados pelos combatentes, que caçavam para sobreviver. Hoje começam a aparecer novamente alguns animais, sinal que a natureza está se recuperando. Claro que elefantes e girafas, só se importarem, mas parece que alguns bichos de menor porte estavam escondidos nas florestas, como os macacos. Mesmo sem macacos, olhem que vistas lindas…

Quando chegamos ao centro de Dondo encontramos este lindo casarão colonial, em relativo bom estado de conservação.

O céu da África é incrível, esta foi retirada no Alto Dondo, onde é possível também ver um cartaz com a foto do Presidente da República, José Eduardo dos Santos. Pelo país inteiro há fotos dele, inclusive dentro de lojas e casas.

Do Alto Dondo é possível ir em duas direções. Dia primeiro seguimos para Kambambe, onde há uma barragem  com produção de energia hidrelétrica.  Um paraíso que vou mostrar para vocês em alguns poucos dias!

O Cabeludo

Em Dondo, no dia 1º de janeiro, tive a oportunidade de conhecer o Cabeludo. O Cabeludo é um português, que em 1972 chegou à Angola com as tropas de Portugal para lutar contra o movimento de independência angolana. Depois dos dois anos de serviço militar, resolveu ficar por aqui, e depois de uns anos acabou se estabelecendo na cidade de Dondo, que pouco sofreu em termos de combates durante a guerra, e onde vive há mais de 20 anos.
O Cabeludo é um dos personagens estranhos desta África, que continua a me surpreender. Ele passa todo o dia sentado na rua central de Dondo, uma aléia arborizada, com velhos casarões portugueses da época colonial em estado decadente, vendendo cartões de telefone pré-pag enviados de Luanda pela filha mais velha, que faz universidade na capital.
As pessoas da cidade chegam, ele bate papo, pedem cartões, ele vende, tem no bolso um maço de dinheiro daqui, outro de dólares, e parece ser bem querido por todos. Abraça as velhinhas, pergunta da família, um verdadeiro diplomata do povão daqui.
Um dos italianos que está trabalhando em Dondo para nossa empresa me contou que o Cabeludo é o único branco da cidade. E os únicos mulatos são os filhos dele. Nestes anos de África o Cabeludo que coleciona selos de todo o mundo, e inclusive me pediu alguns do Brasil, desenvolveu uma coleção interessantissíma de filhos. O bendito tem 24 filhos, de várias mulheres diferentes. Vive com todos eles e com a esposa mais recente em algumas casas coloniais das quais se apropriou depois da independência. As casas foram transformadas em oficinas, e os filhos trabalham a madeira e o ferro, aprendem o ofício do pai e vida que segue. Certamente hão de ser um clã diferenciado no meio da cidade…

Mando algumas fotos desta rua em Dondo, inclusive do Cabeludo. Dondo é uma cidade adorável, bucólica, realmente agradável. É certamente perdida no tempo, como o interior de Angola que conheci, e me pareceu uma Parati abandonada no meio da floresta, invadida pela poeira e pelo descaso que sucederam os anos de guerra. Vejam vocês as fotos e comentem!

PS: Os “miúdos”, que para nós são os intestinos e vizinhança, para o povo daqui são as crianças. Pois os miúdos das fotos são todos crias do Cabeludo!

A sanguessuga

Semana passada, cheguei tarde do trabalho e fui ao banheiro aliviar a bexiga. Qual não foi meu susto ao ver, na tampa do vaso sanitário, um pedaço de cocô! Que nojo! Só de olhar o meu estômogo embrulhou!
Como o serviço do Residence é de qualidade inferior ao que vi no Carnaval de São Luis do Paraitinga (quem conhece as histórias de Dona Benedita sabe do que esto falando, né POC…), nem me estressei em chamar alguém para limpar… Ia ficar esperando até o fim da semana… Peguei um papel higiênico e empurrei a merda (literalmente) para dentro do vaso sanitário… E aí que eu me borrei de susto! A merda se mexeu e começou a se debater na água até escapar do papel higiênico…
Como vocês devem ter percebido a merda não era bosta, mas sim uma sanguessuga preta gigantesca! Puxei a água e lá se foi por água abaixo a danada… Tomei meu banho, fui jantar, e quando voltei e fui escovar os dentes… Lá estava a desgraçada outra vez! Tentando subir na parede do vaso sanitário, por dentro! Nojento!
Puxei a água e assim o fiz a cada 10 minutos até dormir… Me arrependi de não ter feito uma foto! Eu nunca tinha visto uma sanguessuga tão grande, tão feia como aquela! Eu sabia que sanguessugas gostavam de água limpa, mas de esgoto… Nojento nojento nojento!
Um tempo depois contei a história para um colega que me disse que da provada dele, no dia seguinte, também saiu uma sanguessuga… Pela descrição, chegamos à conclusão que era a mesma. Tenho certeza que ela não volta… Ele me descreveu uma sessão de tortura regada à água sanitária e pinho sol, que não entro em detalhes para que todos possamdormir tranquilamente…
Olhem sempre para a privada antes de sentar, pessoal! Principalmente se estiver na África!