A saída da Tunísia foi infernal do ponto de vista logístico. Como queria passar ao menos um fim de semana na Itália para visitar alguns amigos, pedi para a empresa reservar meu vôo Milão-Paris-Rio e não Tunis-Paris-Rio. Isso evitaria que eu fizesse Tunis-Milao-Tunis. Idéia brilhante mas que na prática se tornou um prejuízo monumental.
Eu trazia comigo minha mudança, mais de 60 quilos de roupas, livros, e tralhas em geral. Na AirFrance, devido ao programa de milhagem, eu praticamente não pagaria sobrepeso, pois tenho direito a 2 malas de 30 quilos em vôos intercontinentais. Mas Tunis-Milão me dá direito apenas a 20 quilos e no máximo 60. Paguei uma barbaridade de excesso de bagagem, mais que o preço da passagem e ainda tive que abrir a mala e deixar tralhas com os amigos no aeroporto. Uma das vergonhas mais caras que já passei.
Mas cheguei em Milão e Rudy foi me buscar. Fiquei na sua casa até domingo, quando tomei o vôo para o Rio. Em Milão fui fazer compras, a começar por um iPhone 3g, uma mala Sansonite, pois a mala xumbrega que eu tinha se esfacelou no trajeto entre Tunis e Milão, e um presentinho de 1 ano de casamento para meu amor. Parece pouca coisas, mas bater perna dá uma canseira!
Sábado foi para mim um dia especial. Rudy dirigindo seu Mercedes Classe A enfrentrou 3 horas e meia de viagem comigo e fomos para Padova.
Doze anos tinham se passado desde que eu deixei Padova para voltar à pátria. Doze anos que pareceram se esvair em um segundo. Passei a tarde degustando com Pablo e Oriana, amigos remanescentes daquele período, e Rudy, os porticados, o Santo, as lembranças de um tempo mágico que não volta mais.
Essa cidade tem a segunda mais antiga universidade da Itália, fundada em 1222. Quase três séculos antes dos portugueses acharem o Brasil em Padova já se discutia de filosofia, matemática e, física. Galileu foi professor por lá. Foram os estudantes de Padova que patrocinaram junto ao Papa a canonização de Santo Antônio. Foi uma das primeiras faculdades de medicina da Europa!
A cidade cresceu, se transformou, se respira hoje um ar mais amargo, mais pesado, resultado da imigração clandestina que irrigou a Itália inteira com milhares de pessoas sem qualificação e desenterrou antigos ódios e sentimentos arraigados principalmente em cidades com tanta tradição como Padova.
Eu entendo que deve ser difícil nascer e viver em uma cidade onde tudo é transitório. Metade da população vive em torno da universidade, e a cada ano boa parte deixa a cidade e uma outra leva vai para lá. Muitos desses não tem respeito pelas tradições do lugar, usam a cidade, e apesar de serem de vital importãncia para a economia da cidade, são vistos pelos locais como bárbaros invasores.
Claro que tudo isso importa muito pouco. Minha rápida visita a Padova foi sentimental. Tantas boas lembranças, tantos aventuras e experiências voltaram a tona. Foi um mergulho delicioso no passado. Não se quando terei a oportunidade de voltar a Padova. Por isso aproveitei cada minuto ao máximo.
Mando um grande abraço aos amigos daquele tempo, que graças à Internet e principalmente ao Facebook estão retomando o contato!
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