Quando o Lula levou as vaias, na abertura do Panamericano 2007, fui avisado pelo meu pessoal do Rio. Me disseram que foi uma vergonha para o presidente. Fiquei curioso e fui até a página da Globo.com, na área de vídeos, querendo ver o que aconteceu. Nada. Hoje lá há apenas uma declaração do Lula dizendo que não estava magoado com o Rio. Mas o vídeo está lá sim, meio escondido… No youtube, pelo contrário, está cheio de vídeos mostrando como foi. É só buscar por Lula vaia e aparece um tantão.
Escolhi um para mostrar pra você, com narração de Galvão Bueno.
É claro que a vaia é falta de educação. Muitos os comentários que vi na Internet de gente indignada com as vaias. Parece que elas são uma vergonha nacional, principalmente em um evento dessa monta, quando o país está no centro das atenções. Há quem diga que foi a claque do César Maia, há quem diga que foi a caracterização por parte do governo federal de “Pan do Brasil”, deixando o Rio em segundo plano. Eu sou carioca e digo de coração, o prefeito não tem esta força toda e, para nós, a festa do Rio é uma festa do Brasil.
A minha singela opinião é que os presentes no estádio guardam dentro de si, como muitos pelo Brasil afora, uma frustração enorme. Frustração não pelo Lula do bolsa Família, da estabilidade econômica, da política internacional, da Polícia Federal. Mas sim uma frustração pelo Lula conformado, que finge não ver as falcatruas funestas que por baixo dos seus olhos passam, que não se incomoda com o ter se aliado com abutres da pior espécie e que se esquece, não de sua origem humilde, mas sim da honestidade e ética que trouxe como bandeiras por tantos anos.
O PT se viciou (há quem diga isso desde antes de 2002), se transformou em tudo aquilo que sempre combateu, assim que chegou ao poder. Rápido demais para ter feito tudo sozinho. Se consultou certamente com ladrões mais espertos e mais vetustos.O presidente Lula, do alto do seu cargo, sacrificou os companheiros, meio sem jeito, é verdade, torcendo para que a verdade não fosse tão verdade assim, ou que ao menos não viesse a tona. Neste segundo mandato loteou cargos e ministérios pelo bem da “estabilidade política”, e está conseguindo termir de queimar para sempre sua imagem de pessoa reta.
E, no Maracanã, como em tantas milhares de outras ocasiões, foi dado um pontapé na canela de alguém. Pontapé na canela é falta, pode dar cartão amarelo. No fim das contas, as vaias que se ouviram naquele dia, queriam mesmo advertir a principal estrela do time, que se ele não se comportar, o jogo duro pode acontecer em todos os campos do país. Há quem diga que foi feio, que foi uma bola fora do rio de Janeiro. Pode até ser. Mas, presidente, quem não chuta não faz gol…
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