EM CARNE VIVA

Não há erro maior que desistir de amar. Ninguém gosta de dar a cara a tapa, Tata. O amor é como um furacão que nos arranca do chão e nos sacode, é como a brisa de verão que nos arrepia a pele na praia durante o poente, é a imponderável inconsequencia, a resposta travada na garganta, a insegurança, a mão suada, a ferida exposta, o tempero da vida.

O amor vem para cada um de uma maneira diferente, e em todos nós tem o mesmo efeito, nos faz florescer e padecer.

A carne viva dói porque amar machuca, e quando machuca é que temos certeza que é ou era amor. Quando tiramos a armadura e estamos em carne viva, estamos expostos, cansados, exaustos, como você diz. O que nos exauriu e nos deixou neste estado foram as batalhas, foi o escudo pesado, a espada afiada, a pancada certeira. Talvez erremos sempre de estratégia.

Talvez desde o início deveríamos ter estado desarmados. Enfrentado as vivicitudes de peito aberto, confiantes de nós mesmos. Talvez, antes de tudo devessemos saber amar a nós mesmos e aos nossos, para só depois nos aventurar. Talvez. Mas somos apenas humanos, não é mesmo? Apenas pequenos homens e mulheres, que como todos outros, teimam em nem sempre aprender com os próprios erros, temos que experimentar sempre.

Independente de tudo e de todos, a carne viva cicatriza, e deixa, sim, cicatrizes, algumas leves e outras profundas. E a natureza humana, por mais teimosa que seja, por mais que tentemos nos esconder, quando menos esperamos, nos faz um dia perceber que já estamos novamente amando. Na maior parte das vezes, quando nos pegamos pensando que não podemos amar mais a ninguém, é porque o brilho da batalha já está de novo em nossos olhos, e a armadura reluzente já está sobre nossos ombros.

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