A viagem que fiz no Reveillon, para Dondo, me mostrou outra Angola. A Luanda cinza e empoeirada deu lugar a pequenos vilarejos pobres salpicados em meio a vegetação abundante e paisagens maravilhosas. Na época da guerra, viajar para Dondo era uma epopéia. Estradas em péssimo estado de conservação, com verdadeiras crateras, pontes destruídas por bombas que obrigavam o viajante a dar voltas por “picadas”, e o risco de assaltos e de minas faziam com que a viagem durasse no mínimo 10 horas.
Hoje, apesar de ainda ser uma estrada ruim, as crateras diminuiram, e aos poucos se está asfaltando e duplicando a pista. O tráfego de pessoas ainda é bastante controlado, em dados momentos há “fronteiras” em que todo viajante é obrigado a parar, se identificar, e dizer para onde vai.
Não tivemos problema algum na viajem, que durou algo como 5 horas e meia, com direito a várias paradas para xixi e fotos. Viajamos em dois carros, um colega italiano no carro da empresa, e eu fui de carona com um português em seu carro particular. O português, calejado de Angola desde o período colonial, contou um pouco de histórias do tempo das imensas plantações da algodão da época em que fora de Luanda havia imensas fazendas algodoeiras. O algodão, hoje praticamente inexistente em Angola, teve papel tão importante na economia local que, quando da independência, sa folhas de algodão foram colocadas na bandeira do país. Esta foto mostra, no caminho para o Dondo, o que restou das plantações de Algodão.
A foto a seguir, mostra uma lagoa ao fundo, grande que parece mar. Esta área é hoje muito pobre, mas antes da guerra era reduto de portugueses de férias, havia alguns restaurantes à beira da Lagoa, e até mesmo um pequeno hotel. Hoje se planeja reconstruir um pouco da região, que não dista muito de Luanda, acredito que seja o município de Catete.
A foto com a polícia é de um vilarejo a cerca de uma hora de Luanda, e as pessoas estavam reunidas em torno de um acidente com uma moto e um carro onde o motoqueiro morreu e o carro fugiu. É corriqueiro aqui que o autor do acidente fuja do local, muitas vezes indo se entregr diretamente na delegacia, deixando o acidentado por lá. O motivo principal é que quando há um atropelamento, as pessoas lincham o atropelador, e melhor ir preso que deixar a pele.
Depois de Catete, a estrada piora, e começa uma área com um pouco de floresta dos dois lados da via.
É estranho que praticamente não há barulho na floresta, à excessão de um ou outro pio de pássaros. Me explicou o português que durante a guerra os animais foram exterminados pelos combatentes, que caçavam para sobreviver. Hoje começam a aparecer novamente alguns animais, sinal que a natureza está se recuperando. Claro que elefantes e girafas, só se importarem, mas parece que alguns bichos de menor porte estavam escondidos nas florestas, como os macacos. Mesmo sem macacos, olhem que vistas lindas…
Quando chegamos ao centro de Dondo encontramos este lindo casarão colonial, em relativo bom estado de conservação.
O céu da Ãfrica é incrível, esta foi retirada no Alto Dondo, onde é possível também ver um cartaz com a foto do Presidente da República, José Eduardo dos Santos. Pelo país inteiro há fotos dele, inclusive dentro de lojas e casas.
Do Alto Dondo é possível ir em duas direções. Dia primeiro seguimos para Kambambe, onde há uma barragem com produção de energia hidrelétrica. Um paraíso que vou mostrar para vocês em alguns poucos dias!
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